quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Revoada imaginária

Imagine uma nuvem de pássaros que produz um som de chuva, como se combinassem uma tempestade de asas prestes a desabar num final de tarde. Imagine ao fundo um caudaloso rio em que o Sol pousa seus aros de fogo intentando, inútil, evaporar de súbito aquelas úmidas margens. Imagine um apanhado desmedido de pessoas que pulsam, latejam. Imagine...  
Pré-espetáculo.

Como uma pessoa pode orientar, reconhecidamente, a formação de um público fiel e paciente para assistir a um espetáculo com atrasos de mais de uma hora? Em nossa primeira cidade e estado visitados na turnê Rumo ao Norte, conhecemos uma figura encantadora, de extrema competência e sensibilidade, com um humor guiado por uma não menos inusitada fisionomia "Roberto Leal" (esse adjetivo/sobrenome, inclusive, caberia mais ao seu sósia que ao real). Chicão e O Imaginário são daqueles encontros provocados apenas pelo teatro: vivo; sincero; cúmplice. O que eles fazem não há precedentes no teatro rondoniense e, acredito, encontra poucos exemplos no resto do país.

CONCERTO EM RÉ, na sexta-feira.

O Brasil é um país colossal, com dimensões continentais. E este fato, infelizmente, parece refletir também nossa ignorância e provincianismo. Descobrir nosso “continente” é algo que tentamos e queremos fazer com obstinação. Mesmo cansados, muitas vezes de nós mesmos, depois de tantas longas viagens de trabalho, notamos onde estamos e isso parece ser o suficiente, como um respiro para um escafandrista.


COMO A GENTE GOSTA, no sábado.


Imagine agora encontrar de forma absolutamente improvável e inusitada amigos tão queridos como o grupo Clowns de Shakespeare neste mesmo lugar. Porto Velho e Rondônia não só nos deram ensinamentos cotidianos de como nós, habitantes de uma região elitizada, mas ignorante, cerramos os olhos para aquilo que está “acima” de nós, como também nos apresentou uma cultura regional riquíssima, de um povo calmo, com um encanto que faz lembrar o nosso mais interiorano mineiro. Nostalgia, mais que saudade - palavra tão desgastada atualmente -, é a razão mais lógica nessa equação de encontros.

Obrigado Chicão e a todos os rondonienses por nos provocarem tão lindas e inesquecíveis sensações. O que vocês têm é ouro, o cálice sagrado da simpatia. 

NA RODA, no domingo.


Isso que nos deram é indizível, imensurável. Que esta cidade aceite os nossos mais verdadeiros e rasgados elogios. E, oxalá, até breve...


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