terça-feira, 20 de novembro de 2012

A floresta vazia


 

Não fosse tanto e era quase, não fosse pouco e era muito. Manaus, cercada por uma abissal floresta-celebridade, reservou prazeres e frustrações. Não há, em hipótese, um motivo principal que principiasse a noção de que numa cidade tão enorme e rica em cultura regional, pouco interesse haveria em conhecer o novo, o desconhecido, não mensurando sua observação em lugares distintos – como a falta de cuidado político para a formação de público para o teatro - e, em especial, para o de rua.


Passa-se então essa característica e prima-se pelo abandono, quase inescrupuloso, de um cuidado com o tear de fomentação artística. Cobrir-se de meios, explicações inócuas que apenas abordariam questionamentos pífios com justificativas históricas para tamanha falta de desdém seria também um equívoco.


A cidade-selva, desmatada em sua ânsia de conhecer uma jovem companhia de teatro, ainda recente em sua história e mais ainda em sua representatividade artística, mas gananciosa por fazê-lo, recusou, inconscientemente, apresentar-se. Não havendo, todavia, qualquer antipatia inicial, premeditada, poderia se pensar que também não haveria motivos que renderiam futuro para uma próxima investida. Pueril logro.


Daqui, mesmo que um pouco infelizados e frustrados por uma ainda insignificância artística (quiçá por sua imberbe trajetória), recolhemos malas em toque de vigília, e não de recolher. A certeza exata, mesmo que discreta, de que outros rios e ares trarão seus trabalhos de volta àquele prestigioso lugar os fazem seguir, rumar ao encontro de dois rios imensos e ancestrais: o teatro e seu público. Obrigado Manaus, por nos guiar por corredores desconhecidos.

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