São Tomé, o paraíso.

Um paraíso. Ilhas africanas com praias de águas cristalinas de perto e azul de longe. É como uma Bahia perdida no tempo por 30 anos. Muita fruta, muito calor, muito verde, muita paz. Aqui todos tem um jeitinho leve-leve (como se diz em crioulo essa vida mansa e tranquila que se leva por aqui). Tudo fish, tudo leve-leve.

Depois da loucura para chegarmos aqui, do vôo da TAP cancelado, das horas de negociações para pegarmos dois outros voos para, enfim, um terceiro voo de quase 6h de Lisboa até São Tomé e Príncipe. Ao descer do avião, bem cedinho da manhã, vem a onda de calor do Rio de Janeiro em pleno verão. Nos sentimos em casa. Antes o calor do equador do que o friozinho de Portugal. E o calor acompanha o público, animadíssimo, em espetáculos que acontecem com tanta participação e euforia das crianças que nos sentimos em casa.

Aqui se fala português pelas ruas e o crioulo mal ouvimos. Crianças falam português entre elas. De todos os países que passamos até agora, aqui é o que mais ouvimos o português. Assim, o NA RODA se esbanjou com as crianças que mal ouviam "segura a casa" e já erguiam os braços. E seguramos juntos um casarão. Uma lindeza sem fim. mais de mil miúdos cantando como mutuns. Será que vocês conseguem imaginar a cena? Porque se conseguem, imaginam o quanto nos arrepiamos. Esses 4 brincantes que atravessaram o oceano pra brincar do lado de cá ouvindo tumtumtum sem acreditar. Ao entrar no carro, as crianças se despediam "Tchau, Branca! Amanhã você volta!"

Depois desse delírio na Escola Primária Maria de Jesus - uma das mais tradicionais aqui, partimos à tarde para um distrito (do jeito que a gente mais gosta). E, numa pequena praça, debaixo do sol, em frente a escola e ao lado de uma igrejinha, fizemos outro espetáculo. E outra vez foi lindo. E dessa vez, conseguimos fazer roda e trem. No fim, fizemos BIS e demos tchau. Ninguém se moveu. Cantamos mais e dissemos tchau. Ninguém se moveu novamente. Cumprimentamos um a um pela mão (aqui eles não são de abraços) e a professora fez todos voltarem pra escola. A Branca partiu mais uma vez vendo de longe os acenos dos miúdos.

A vez do Concerto foi em praça pública, em comemoração ao Dia Mundial do Teatro. E tinha forma melhor de se comemorar?

A oficina foi para artistas da cidade, com tantas experiências de um teatro que nem conhecíamos. Como a gente não sabe nada do mundo fora do nosso português. Muitas brincadeiras brasileiras brincadas, cantadas, gargalhadas. Depois muitas brincadeiras africanas e em português. Tudo anotado, coletado. Lindo.

Nas horas de folga, fomos conhecer os paraísos (porque falar paraíso no singular é pouco pra essa terra). Cada lugar que merece ser aplaudido.

Hoje, de malas prontas, fomos informados que nosso vôo para Angola não sairia. Parece que vamos embarcar amanhã depois do almoço. E, pra aproveitar o dia extra, amanhã faremos mais um espetáculo numa escola primária. A vontade é de passar por cada escola, por cada distrito. Fica a vontade, fica o sonho de voltar.

Relatos de Mariana