sábado, 26 de junho de 2010

Que mundo melhor?

Indignação!
Hoje nos apresentamos neste festival que (olha, que ironia!) publiquei divulgando abaixo. Na Praça da Liberdade, um público tão gostoso, cheio de gente que sempre vai nos ver, de crianças que vemos crescer em nossas rodas (isso não tem preço!) e juntos (nós e o público) fizemos uma apresentação linda, gostosa e cheia de energia.
O organizador do festival (acreditem nisso: o idealizador de tudo), no fim do espetáculo (antes de acabar, na hora da roda) pegou o microfone e com toda a grosseria do mundo "finalizou" o nosso espetáculo no meio da música, com a gente cantando e todos em roda. O público vaiou, gritou, reclamou, foi embora indignado.
Nós, que começamos com meia hora de atraso (porque o músico que cantaria depois estava passando o som), fomos interrompidos (cortados, como se faz com político que não para de falar em palanque) sem nem terem nos pedido pra parar porque o tempo estava esgotado. Eles simplesmente pegaram o microfone e acabaram o espetáculo, sem ao menos nos comunicar que não podiam mais sustentar o atraso causado por eles próprios. Sem contar que, antes da microfonada do "idealizador do mundo melhor", o músico do espetáculo seguinte ligou os intrumentos e começou a passar o som durante a nossa apresentação (em que arte este cara acredita?).
Fico pensando o que ele achou: que nós não queríamos parar de cantar para impedir sua apresentação? Se eles tivessem simplesmente nos pedido, nos avisado que não havia mais tempo, nós pediríamos desculpas ao público e finalizaríamos o espetáculo.
Não acreditamos numa arte de glamour feita por artistas que levam seu ego na frente do público. Não queremos nos apresentar para nos exibir, obrigando ninguém a nos ver e ouvir. Fazemos um teatro que acreditamos e com ele é que queremos lutar por um mundo melhor, construindo momentos de encontros entre as pessoas, entre crianças e famílias, entre público e artistas. Esse é o teatro que fazemos na rua, democrático e em busca de sensibilidade, sempre!
O festival é de todos sim, mas nunca esta atitude deve ser apoiada. Parar uma grande roda que finalizaria o espetáculo (momento de comunhão entre todos) com uma microfonada? É assim que se faz um festival por um mundo melhor? Sempre acreditei em diálogo e respeito - esta é a base do nosso trabalho e por isso estávamos neste festival. Erroneamente, né?
Fiquei tão chocada com a situação, tão abalada, por se tratar do festival que é (ou que queria ser) e ainda mais por se tratar do idealizador de tudo. Enfim, se este é o mundo que este tal cara quer, definitivamente, não é o que eu quero (prefiro do jeito que está, com gente que tenha no mínimo respeito e educação com os artistas e com os outros todos!).
Depois de tamanha agressão e ver todo o público ir brigar, reclamar com o tal cara, eu fico imensamente triste por, de alguma forma, ter participado disso tudo. Até chorei ao fim de tudo, pela agressão gratuita a que fomos vítimas, pela tristeza de ter convidado as pessoas para estarem ali assistindo tamanha grossura e falta de respeito. Estou inteiramente arrependida de estar nesta programação compactuando dos ideais de alguém que é capaz de tratar artistas assim (artistas, ainda por cima, voluntários - mas nem se recebessem cachês homéricos estaria correto tal tratamento, ne?)
Uma pessoa desta nunca deveria ter chamado este festival com este nome e, a mim, cabe gritar pra toda a cidade não compactuar com isso. Sei que tem milhões de pessoas bacanas e nobres nesta causa, mas apoiar um evento que é capaz de agir assim com seus artistas e com seu público é apoiar um mundo pior do que o que já vivemos. Uma pena, uma vergonha, uma indignação.

Mariana
sempre em busca de um mundo melhor,
com mais educação, mais arte, mais cultura,
mais respeiro entre todos

5 comentários:

  1. É um absurdo as pessoas se sentirem no direito de agredirem os outros assim, gratuitamente. Um desrespeito ao público, aos artistas e à causa. Não se abalem! Vamos fazer nosso próprio festival? Com Maria Cutia o mundo já é melhor!

    Beijinhos,
    Dani

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  2. Marias Cutias,

    Deixo aqui a minha indignação junto a vcs. Primeiro, queria saber da cutia que faltou, acho que Leo é o seu nome, não? Senti a sua falta no espetáculo. Segundo, achei uma tremenda falta de respeito e fiquei muito aborrecida por terem finalizado de tal maneira. Isso não se faz, fui imediatamente atrás do Ulisses expor minha indignação.
    Sorte e mundo melhor para todos...
    Beijinhoss

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  3. Isso é um desrespeito indesculpável. E como é triste, como é triste saber que existem pessoas por aí que agem com tamanho desrespeito diante de um trabalho artístico. Faço ECO a indignação de vocês.
    Abraços e melhores palcos para vocês, sempre, porque vocês merecem!
    Adélia

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  4. Luisa,
    o cutia que faltou foi o Hugo (ele tá de cama, péssimo de gripe, garganta, febre...). Nossa, também sentimos muita falta dele no espetáculo. Você não tem noção como é difícil fazer sem um. Fica faltando um pedaço.
    Mas, ele tá melhorando e nos próximos vai tá com a gente!

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  5. Nós estávamos neste dia e presenciamos esse espetáculo maravilhoso, que apesar do ocorrido, não foi ofuscado, também queremos deixar nossa indignação em relação ao moço do cabelo branco, que nos enxotou só porque estávamos sentadas na grama, não havia problema nenhum em sairmos, mas também não vejo problema em usar a educação e o diálogo antes de qualquer ofensa.
    Apesar dos pesares gostamos muitíssimo da apresentação.

    Sucesso sempre...

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