Certa vez, depois de uma apresentação do Maria Cutia em um evento numa praça, aqui em Belo Horizonte, recebi o seguinte comentário: “muito bonitinho o trabalho de vocês”. No momento, agradeci. Mais tarde, relembrando as falas, pensei em algo que há tempos me incomoda. Não entendo porque espetáculos ou obras direcionadas para criança são vistos com olhos de “arte menor”, principalmente pela classe teatral belorizontina – nossos, em teoria, colegas de trabalho.
Inicialmente, explano que não há respeito ou, se existe, é maquiado por observações que remetem a um trabalho de pesquisa menor, a uma facilidade em lidar com tal público aos olhos de tais pessoas. Quero aqui reafirmar para os desavisados que isto é um equívoco desproporcional, quase uma poça de ignorância, preconceito, arrogância e, pior, gratuito, posto que a maioria dos indivíduos que engendra tal comentário nunca trabalhou, efetivamente, com crianças.
Assim, queria saber, em Belo Horizonte ou em qualquer lugar do país, que se encontra um grupo que faz teatro infantil em que todos os integrantes são músicos, cantores, atores e brincantes. E mais, são bons músicos, bons cantores, bons atores e ótimos brincantes. O que acontece é um senso comum tão ou mais superficial do que os comentários tecidos por seus interlocutores.
Há pesquisa sim, diversas vezes mais aprofundada em seus estudos do que várias companhias escarneiam em seus espetáculos. Trabalhamos e pesquisamos em oficinas a linguagem das máscaras, do palhaço, da música, das brincadeiras e contos populares. Experimentamos em cena, conversamos, retiramos, acrescentamos. E, ao contrário do que comumente acontece, não somos nós que dizemos se está bom ou ruim, mas sim o público.
Por isso, não existe isto de teatro para criança e teatro para adulto. O que existe é um espetáculo bom e um ruim. A faixa etária é apenas uma observação, um pormenor. Se não, para ser mais exato, existem espetáculos, claro, que tratam a criança como imbecil. Mas há também, proporcionalmente por sua produção, espetáculos para adulto que o tratam igualmente como imbecil.
O adulto, quando assiste a uma peça que não entende nada, pensa no que há de errado com ele, com sua recepção. De início, torna-se o problema ao invés de perceber que o problema é a obra vista. A diferença é que o adulto mente, omite-se, a criança não. Se não gosta, não permite que você termine, conversa no meio do espetáculo. E não é a atenção delas que é dispersa, é o espetáculo que não a prende, ou seja, não é bom.
Portanto, queria expurgar aqui qualquer observação deste tipo. Não fazemos espetáculo “bonitinho”. Construímos um bom espetáculo a muito custo, em labutas diárias, em anos de trabalho. Nosso público são sim as crianças, mas não só elas. O que fazemos exige técnica, observação, pesquisa. Não somos, como todos, os melhores no que fazemos. Mas temos consciência de que, se não requerermos tal direito, respeito, nunca mudaremos tal cena.
Inicialmente, explano que não há respeito ou, se existe, é maquiado por observações que remetem a um trabalho de pesquisa menor, a uma facilidade em lidar com tal público aos olhos de tais pessoas. Quero aqui reafirmar para os desavisados que isto é um equívoco desproporcional, quase uma poça de ignorância, preconceito, arrogância e, pior, gratuito, posto que a maioria dos indivíduos que engendra tal comentário nunca trabalhou, efetivamente, com crianças.
Assim, queria saber, em Belo Horizonte ou em qualquer lugar do país, que se encontra um grupo que faz teatro infantil em que todos os integrantes são músicos, cantores, atores e brincantes. E mais, são bons músicos, bons cantores, bons atores e ótimos brincantes. O que acontece é um senso comum tão ou mais superficial do que os comentários tecidos por seus interlocutores.
Há pesquisa sim, diversas vezes mais aprofundada em seus estudos do que várias companhias escarneiam em seus espetáculos. Trabalhamos e pesquisamos em oficinas a linguagem das máscaras, do palhaço, da música, das brincadeiras e contos populares. Experimentamos em cena, conversamos, retiramos, acrescentamos. E, ao contrário do que comumente acontece, não somos nós que dizemos se está bom ou ruim, mas sim o público.
Por isso, não existe isto de teatro para criança e teatro para adulto. O que existe é um espetáculo bom e um ruim. A faixa etária é apenas uma observação, um pormenor. Se não, para ser mais exato, existem espetáculos, claro, que tratam a criança como imbecil. Mas há também, proporcionalmente por sua produção, espetáculos para adulto que o tratam igualmente como imbecil.
O adulto, quando assiste a uma peça que não entende nada, pensa no que há de errado com ele, com sua recepção. De início, torna-se o problema ao invés de perceber que o problema é a obra vista. A diferença é que o adulto mente, omite-se, a criança não. Se não gosta, não permite que você termine, conversa no meio do espetáculo. E não é a atenção delas que é dispersa, é o espetáculo que não a prende, ou seja, não é bom.
Portanto, queria expurgar aqui qualquer observação deste tipo. Não fazemos espetáculo “bonitinho”. Construímos um bom espetáculo a muito custo, em labutas diárias, em anos de trabalho. Nosso público são sim as crianças, mas não só elas. O que fazemos exige técnica, observação, pesquisa. Não somos, como todos, os melhores no que fazemos. Mas temos consciência de que, se não requerermos tal direito, respeito, nunca mudaremos tal cena.
Leonardo Rocha
Olá trupe Maria Cutia! Acompanho o trabalho de vocês há meses pela Mariana e sei do esforço, dedicação e profissionalismo do grupo. Podem ter certeza que são muitas as pessoas que sabem valorizar a arte produzida por vocês da forma que merece. Continuem com esse belíssimo trabalho, levando alegria e informação para as crianças e adultos. Abraços, Fred
ResponderExcluirMaria Cutia é pra criança??????? Gente, nunca percebi. Deve ser por isso que me faz rir, botar a lingua pra fora como o Seu Matias, peneirar com vocês, cantar coco de mim.... enfim me faz levantar da cadeira (ou do chão) e voltar pra casa com o coração mexido e remexido. Isso pra mim é arte. Porque é capaz de causar algo em nosso coração. Continuem fazendo arte!
ResponderExcluirOlá Pessoal!
ResponderExcluirAcompanho essa trupe já faz alguns anos e concordo com o Fred e com a Joyce. O trabalho de vocês é maravilhoso! Sou fã de carteirinha.
Agora, quero fazer uma observação específica para o Leonardo:
O texto que você escreveu foi belíssimo. O desabafo está claro. Mas, quero pontuar que algumas vezes as pessoas se referem ao trabalho de vocês reduzindo tudo que vocês fazem, revelado através do que você escreveu sobre arte, à palavra "bonitinho".
No dicionário está escrito que "bonito" significa
"belo", "formoso", "lindo".
Acredito que quando "bonitinho" é usado para definir o trabalho de vocês, não é porque alguém está reduzindo o que vocês fazem a uma "arte menor" e sim, porque é desejado expressar um carinho do fundo do coração, pois, é esse "pedação" do nosso corpo que vocês atingem.
Sou educadora infantil e bem sei que isso não é tão simples assim. Mas, das próximas vezes que você ouvir um "Que 'bonitinho" ao final de suas apresnetações, saiba que seu trabalho está sendo super valorizado e quem está se reportando até você, é porque verdadeiramente foi tocado pela "arte maior" ou pela "maior arte" vista até então e o que se deseja é expressar tão somente uma gratidão pela transformação ocorrida bem na alma daquela pessoa, através da alegria que vocês conseguiram despertar nela. O que ela tem a oferecê-los é carinho, colocando no diminutivo cada elogio. Neste sentido, eu também acho que o que vocês fazem é 'BONITINHO".
Recebam o meu carinho.
Amo vocês! Beijinhos!
Oie!! Gostei muito do desabafo, me fez lembrar um fato, pois adoro de paixão passar um sabadão ou domingo ensolarado com vcs e sempre tento levar algum amigo junto,muitas vezes é alguém q até não costuma assistir seja qual for a espressão artística,brinco q busco ampliar os horizontes deles!rsE em uma destas,o amigo em questão vendo q eu sabia todas as músicas e tal,me perguntou "uai Ló pq vc não participa também?vc gosta tanto e sabe as músicas!"E eu expliquei exatamente isto,que não é simples assim,vcs pertecem a um grupo formado após muito esforço,estudo,e tem todo um trablaho envolvido,não é simplesmente gostar de crianças,cantar,dançar e ter "coragem"...Bom, pelo menos eu sei que para esta pessoa eu consegui esclarecer um pouco a minha admiração pelo TRABALHO de vcs, e é assim as pouquinhos que vamos ensinando e aprendendo!!
ResponderExcluirmas tb concordo com a Glenda, existem "bonitinhos" e "BONITINHOS",rs afinal,tudo vinculado a este pequeno ser vem sempre seguido de um "inho",como se assim fosse melhors exemplificado!
Beijos p/vcs!
Bonitão, excelentão, altissíma qualidade, enormes talentos.Nem usando palavras no aumentativo dá pra expressar o que o trabalho de vocês representa. Entendo o desabafo mas ele se perde quando a roda começa e os sons, a melodia, as cores, A ALEGRIA nos invade. Sou fã e minha filha de um ano também. Isso prova que o público de vocês são aqueles capazes de entrar no trem do seu Matias, nadar como um peixinho e fazer barulho em terra alheia.Aqueles que ficam em pé por que é impossível ficar sentado diante de tanta boniteza. Continuem...precisamos de mais dias leves permeados de técnica e profissionalismo!!!
ResponderExcluir