“Rascante”. Era mesmo isso que se sentia quando se via de cá o de lá. Casas simples, lindas, enfeitadas de história, margeavam os miúdos cortes na terra feitos pelo homem. Não por acaso, ao final de seu nome, a cidade trazia uma sonoridade diminutiva, simpática, comum a todo interiorano.
“Urge!”. A ameaça úmida que vinha do alto causava ânsia, esfera inalcançável do homem tentar regê-la, o que dirá ponderá-la. Chuva densa, fina, passageira ou contínua, quiçá se realmente aconteceria, não adiava nossa exata incerteza para levar a obra para dentro da sala, em ambiente seguro, embora enfadonho e que não obedeceria aos requesitos que a rua oferecimpõe aos artistas que nela se exibem. No entanto, tal acontecimento não seria de todo mal.
“Bege”. Cor forte que repousava sobre tudo e todos, deixando qualquer vista em tom sépia. Naquele polvilhado granizo da seca o município se sentia habitual àquela monocor. E, prazeroso, promovia o encontro de seu público com os de fora na principal rua, avenida para os padrões de lá, com precavida chegada. Luz de fio, assentadores de madeira e música Pé, iniciavam o rito farsesco.
“Intransigente”. Não havia capa de chuva, sombrinha ou lona que afastasse dos ali chegados a incerteza em executar a obra. O prenúncio retesava o pensamento, punha lama onde havia concretude. Impedia, mesmo que pacientemente, o arranjo das coisas, o organizar da festa, calculando e pondo gracejo pueril a nossa intenção. Pilheriava nossa seriedade com sotaques tempestivos.
“Menta”. Quando não desce rio, há apenas ameaça com um simples borrifar divino, o ar parece ficar minuano, quedando-se em vento fino e amentolado, causando gelo naquilo que antes era sem camisa. Mas ao fim, como em retribuição à nossa sincera petulância, parece que o vapor se foi, levou um sopro mítico afastando seu véu cinza e vociferando uma desmedida deusa pálida, em silêncio absoluto dos ares.
Relatos de Leonardo Rocha.
Itapiru (ou de quando as imagens se sustentam)
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