Maputo - terra do meu Mia Couto

E chega o fim. Os últimos pontos da turnê se exclamam em Moçambique - terra que tanto sonhei sonâmbula lendo Mia Couto. E como é encantadora essa terra. Pra começo de conversa, foi a primeira vez que andei em mão inglesa e, por muitas vezes, quase fui atropelada ao atravessar ruas sempre olhando para o lado errado de onde vinham os carros.

Nossa roda aconteceu no Parque dos Continuadores, na manhã do sábado, na feira do artesanato mais bonito do mundo. Cada peça de babar. O NA RODA foi para um pequeno público de umas 300 e poucas pessoas. Famílias, pais com seus filhos e também gente grande que passava pela feira e foi ficando. Foi delicioso. Um púiblico muito cúmplice e que construiu todo o espetáculo junto com a gente. Ao final, ficamos um tempão conversando com todos, tirando fotos e ganhando beijos.

No domingo, gravamos o CONCERTO EM RÉ no programa Pir-lim-pim-pim, do Didinho, na TVM (TV de Moçambique). Uma loucura. Teatro e TV são linguagens muito diferentes. Mas, por alguns momentos, Begônia amou cantar paras as câmeras. Só não deu tempo de deixar uma grande marquinha de batom na lente.

Hoje, nosso último dia em África, finalizamos com uma oficina brincante no Centro Cultural Brasil-Moçambique. Outro momento delicioso. Até gente que passava na porta, ouvia o barulho das brincadeiras, entrou na roda e ficou até o fim. Como é poderoso isso de brincar.

Ao final do dia, depois de 3 dias andando pelas ruas sempre de olho em busca de um encontro casual com Mia Couto (hoje, passeamos pelas redondezas da casa dele, mas não conseguimos descobrir qual era), recebo um telefonema. Quem era? Ele. Uma voz tão suave e calma. Dizia que hoje (nossa última noite em Maputo) não conseguiria nos ver porque estava com seu pai já velhinho, mas que amanhã gostaria muito de nos conhecer. Como vamos embora às 7h da manhã, não foi possível. Cantamos um trecho de DOÇURA (canção do Concerto) para ele ao telefone e quando voltei a falar ele ria. Fechou nossa conversa dizendo que nos veremos por esse mundo tão grande. E eu penso, Brasil e África já nos fazem pertinho, Mia.

Relatos de Mariana - ainda emocionada depois de falar com Mia