
No entanto, naquele espaço proposto com aqueles naquela circunstância, é interessante, porque cria um não-foco para o palhaço, e isto, no seu universo, é como a falta de ar de um peixe que se vê fora d´água. Ele se debate feito um epiléptico almejando que alguém o veja ou o lance novamente para dentro do mar - ou o palco, ou ainda para o "lugar de onde se vê". Doravante, paradoxalmente a tal fato, é necessário desferir uma energia colossal, mesmo que interna, para sustentar aquilo que alguns denominam "estado", mas que para mim é presença, atenção de cachorro.
Intoleravelmente, se algum espectador perceber sua crise de ausência - como bem descreveu Socorro, vulgo Poliana Tuchia - este vai arrebatar sobre sua figura uma descomunal praga, um olhar que denuncia por inteiro sua arrogância, de propor algo que não está fazendo. Ou seja, não há nada que o nariz vermelho possa fazer por você.
Dessa forma, como então retirar do espectador um olhar de graça sem tentar fazê-la, sem denunciar a ação cômica, sem intencionar fazer algo engraçado? Pensando exatamente o contrário disto: não tentar ser jocoso; não denunciar o tropeço; não buscar a graça pela gracinha. E é daí, justamente, que surge o desgaste físico, mental, quando não se tem que fazer nada, pois não há nada a ser feito. Assim, em vez da pachorra ou de querer conduzir a todos, como um mestre de cerimônias que anuncia a entrada de uma manada de outros mestres de cerimônia, tornando este um evento cíclico, imagino que o há de ser feito é tentar buscar um outro olhar sobre as coisas todas, com fantasias, alegorias do pensamento, sendo lírico, sobrenatural, mas acima de tudo sincero com si mesmo e com os outros que o observam.
Leonardo Rocha.
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