Em decisão despótica, espúria e asquerosa, foi anunciado o cancelamento para este ano do 10° Festival Internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte, o FIT. O anúncio, feito no dia 18 de março pela presidente da Fundação Municipal de Cultura, Thaís Pimentel, tomou de súbito a classe artística belorizontina. Mais lamentável que essa determinação são os argumentos apresentados para validar tal ação. De acordo com Pimentel, as eleições presidenciais e a Copa do Mundo estariam dificultando a criação da grade de programação pela curadoria. Atestar falta de espetáculos de qualidade é, no mínimo, classificar como incompetentes os renomados e nacionalmente premiados grupos do estado. Tal fala demonstra mais a incompetência dessa instituição em encontrar montagens interessantes do que estas não existirem.
Doravante, ponto primeiro: o FIT é um acontecimento bienal e em diversas edições anteriores foi realizado em ano de Copa do Mundo e eleições, da mesma forma que hoje, como em 2002 e 2006. Ponto segundo: O FIT estava programado para acontecer em agosto. A Copa do Mundo acontece entre junho/julho e as eleições são em outubro. Ponto terceiro: O FIT é um decreto municipal, uma lei (n°9517) sancionada pelo então prefeito em exercício Fernando Pimentel, em 31 de janeiro de 2008. Assim, a sua simples não realização é ilegal. Ponto quarto: diversos artistas, grupos da capital estruturaram seu calendário para privilegiar sua apresentação em tal festival, um dos maiores do país e o mais importante evento artístico do estado. Ainda não obstante de outras passadas decisões não menos repugnantes – como a extinção em 2004 da Secretaria Municipal de Cultura, da suspensão do BH Cidadania, do Arena da Cultura e da mudança no orçamento da Lei Municipal de Cultura –, somos acometidos pela notícia de que o FIT será transferido para 2011.
Não somos apenas nós, artistas da capital, que perdemos direitos com a suspensão provisória do FIT. Mas também a população, que assiste um de seus principais eventos culturais nos processos de formação de público ser devastado por uma administração omissa, incompetente e politiquesta, que apenas comunicou a decisão sem ao menos conversar com os produtores locais. Ao que parece, não são os artistas desprovidos de adjetivos técnicos, qualitativos, ou a “repentina” Copa do Mundo que “calhou” de ser realizada neste ano, ou mesmo as já conhecidas obscuras eleições presidenciais que inviabilizaram o citado. Não há justificativa passível de compreensão. Como artista que possivelmente participaria do festival (concorrendo com o espetáculo Sonho de uma Noite de São João, do projeto Pé Na Rua, do Galpão Cine Horto), sinto-me ensimesmado ao escrever sobre tal acontecimento.
O que nos falta não são artistas competentes – como se estes em apenas um ano o se tornassem, como sugere a presidente Thaís –, senão que administradores menos inábeis ao lidar com o já percebido boicote artístico promovido pelo nosso prefeito Márcio Lacerda. Tendo em vista, por exemplo, a suspensão das atividades culturais na Praça da Estação, que suscitou a criação de outro evento público e autoral na cidade, a Praia da Estação, corroboro o pensamento de Marcello Castilho, do jornal Estado de Minas: o autoritarismo, a decisão de gabinete, a burocracia, o estorvo causado por uma política exclusiva, são apontamentos para que tais eventos sejam administrados por outros, que não órgãos públicos, maculados pelo constrangimento político, posto que a viabilização de tais festivais vem dos impostos cobrados da população. Em suma, recordo de uma tira do espetacular Quino, por sua Mafalda, na esperança de que nossa reivindicação não seja preterida como na charge:
Leonardo Rocha.
Belo comentário Leo. Belo!
ResponderExcluirContem com a Cia da Farsa!!!
ResponderExcluirPArticipem.Movam-se!
léo... léo... léo...
ResponderExcluirE o que faremos, ein??
Contem com a Tirana!!!