Estávamos em Diamantina, participando do 41° Festival de Inverno da UFMG, e assistindo aos vários espetáculos e aulas abertas que ali seriam feitos. Numa dessas aulas abertas, "Memória em Estações: Da Narrativa à Cena", da professora Cibele Forjaz, um fato curioso e inesperado surgiu durante a apresentação. Tendo sido construído e encenado com a notória intenção de ser um evento, um acontecimento performático, a aula aberta intentava criar sensações no espectador, provocar, por meio de imagens, sons e texto, um conflito naquele lugar e instante.
Pois bem, eis que de súbito, como uma interferência ou "acontecimento", uma pessoa começa a intervir no espetáculo. Fato não muito estranho, posto que uma das características da performance é causar certo estranhamento no espectador, não interessando ser este de caráter bom ou ruim. Uma jovem, certamente com mais de 20 e menos de 30, alternava frases desconexas com outras até interessantes. Todavia, não sabíamos, acredito que todos que ali estavam, se aquilo era do espetáculo ou não. Na palavra de Tiche Vianna durante o acontecido, "se for pensado, é genial", tamanho o incômodo e impacto que tal intervenção causou.
Em certo momento, talvez percebendo ou indagando se aquilo era real ou uma situação proposta pela diretora sem aviso prévio, os atores, em seu estado de jogo contínuo, começaram a incluir aquela pessoa no espetáculo - como se esta já não o estava - criando ou fortalecendo o foco que a jovem já tinha. Dentro disto, outras manifestações como "senta", "cala a boca", "tira essa louca daí", já haviam sido feitas, mas, como ninguém sabia ao certo se era planejado ou não, aquela situação se estendeu por vários minutos sem definição concreta. Num certo instante, um dos organizadores do Festival, Fernando Mencarelli, interrompe a apresentação e comunica "não sei o que fazer, essa menina é uma aluna e surtou". O fato é que, nem mesmo neste momento, diante de uma manifestação de uma pessoa tão respeitada como Mencarelli, sabíamos ao certo, nós espectadores, se aquele circo todo era programado ou não (talvez teria o sido pela aluna).
Ao conversar mais tarde com amigos, depois de ser retirada por algumas pessoas, entre elas Ésio Magalhães, descobrimos que aquilo não era do espetáculo e que, aquela jovem era de uma oficina de poesia, ministrada no Festival por Chacal, e apresentava, desde a manhã, um comportamento "estranho". Tais fatos reverberam em mim uma indagação: como perceber num espetáculo performático algo que é externo ao seu planejamento? Descobrir e atestar, segundo as próprias cartilhas da performance, que a real performer naquele instante não era nenhuma atriz da apresentação, mas uma pessoa que causou, em todos nós, aquilo que tal gênero intenta, ainda em descoberta, causar: um acontecimento único e irrevogável no instante.
Em certo momento, talvez percebendo ou indagando se aquilo era real ou uma situação proposta pela diretora sem aviso prévio, os atores, em seu estado de jogo contínuo, começaram a incluir aquela pessoa no espetáculo - como se esta já não o estava - criando ou fortalecendo o foco que a jovem já tinha. Dentro disto, outras manifestações como "senta", "cala a boca", "tira essa louca daí", já haviam sido feitas, mas, como ninguém sabia ao certo se era planejado ou não, aquela situação se estendeu por vários minutos sem definição concreta. Num certo instante, um dos organizadores do Festival, Fernando Mencarelli, interrompe a apresentação e comunica "não sei o que fazer, essa menina é uma aluna e surtou". O fato é que, nem mesmo neste momento, diante de uma manifestação de uma pessoa tão respeitada como Mencarelli, sabíamos ao certo, nós espectadores, se aquele circo todo era programado ou não (talvez teria o sido pela aluna).
Ao conversar mais tarde com amigos, depois de ser retirada por algumas pessoas, entre elas Ésio Magalhães, descobrimos que aquilo não era do espetáculo e que, aquela jovem era de uma oficina de poesia, ministrada no Festival por Chacal, e apresentava, desde a manhã, um comportamento "estranho". Tais fatos reverberam em mim uma indagação: como perceber num espetáculo performático algo que é externo ao seu planejamento? Descobrir e atestar, segundo as próprias cartilhas da performance, que a real performer naquele instante não era nenhuma atriz da apresentação, mas uma pessoa que causou, em todos nós, aquilo que tal gênero intenta, ainda em descoberta, causar: um acontecimento único e irrevogável no instante.
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